sexta-feira, 9 de julho de 2010

“NAS MARGENS: ESPERANÇA É O QUE NÃO FALTA”.

Na verdade era um rio comum, igual a todos que correm em nosso continente. Esse ao qual me refiro, sonhava muito, sempre decidido que um dia trocaria seu nome. Batizado como Esperança. Mas, para ele era muito comum, todos teem, ou procuram ter. Diante disso, esperança passou a ser visitado constantemente. Eram pessoas estranhas e discretas, reuniam-se sigilosamente, parecia que escondiam algo. Talvez fora um marco para grande chance que tanto pleiteava Esperança. - Esta aí sua grande chance Esperança! - Incentivavam os pequenos córregos. Daí em diante ele passou a ser mais elegante, transformou seu visual com peixes estampados, floriu suas margens, enfim, sua sorte estaria a contemplar.
Mas como todos os momentos nem sempre são felizes, aqueles amargos... Persistem. Recebera ele uma triste noticia - seu tio, Rio das Lontras, havia falecido, contraiu uma doença muito comum nos dias de hoje: “A Poluição”. Coitado, era depósito de resíduos químicos, jogado pelas grandes fundições de armaduras e espadas da época; sozinho e indefeso, não pôde se cuidar. E ainda com tudo, Esperança não se abalava, dava-se continuidade, pois tudo estava mudando...
Num certo dia de sol coberto pôr nuvens de fumaça, e um ar "cem por cento irrespirável" (...). Esperança acordava ondulando suas águas, enriquecendo a paisagem. Sentia ele que sua mudança começava naquela manhã, quando de repente um indivíduo, trocou a placa que levara o nome Esperança para glorioso “Ipiranga”. Passaram-se dias e dias, e o comentário já era grande sobre o novo Ipiranga; rios e rios com fofocas e relatos sobre o acontecimento. De Esperança para “Glorioso Ipiranga”, foi a tudo isso, ou seja, a popularidade que recebera. Sr. Ipiranga foi espantosamente o escolhido. Mas..., escolhido para que? Ou, pôr quem? Logicamente como tudo vinha correndo bem, teria ele sido escolhido, pôr aqueles estranhos e sigilosos homens, que assiduamente se reuniam às suas margens.
Passado algum tempo, depois de muita espera, homicídios, enforcamentos e tirados até os dentes da liberdade - enfim... D’ Pedro, e seus fiéis escudeiros, encontram-se as margens do Glorioso Ipiranga. Naquele momento emocionante iria acontecer um grande progresso. A liberdade de uma promissora nação viria. Glorioso Ipiranga, talvez, único cúmplice vivo de uma grande vitória. – ‘Independência ou morte!’As margens de um rio...
Ao baixar da poeira, começando um novo estado, veio o esquecimento, os anos se passaram. Hoje, os tempos são outros, nosso ex-popular Glorioso Ipiranga, bigodeado, cúmplice da liberdade, fora quase privatizado - E ainda bem que existe a história, representada por museus, professores, historiadores ou, para ser mais certo: “escudeiros da cultura”
Antes o Glorioso Ipiranga não tivesse tanta sorte assim, talvez, com seu velho nome, poderia ser diferente - pensara ele. Hoje, em nossos dias, desprezado e cansado, o velho devaneador, mesmo doente, ainda tem um pouco de seu primeiro nome. Espera, como todos os outros, mais que um mísero reajuste de sua “aposentadoria”.
Como se pode ver: Esperança é o que não falta...

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