quinta-feira, 2 de junho de 2011

Nada a ver, tudo a ver...

Poderia escrever de modo coerente sobre política, guerra ao terror, homofóbicos, vida, morte, homilia, ciência, enfim – aproveitar-se do momento e, quem sabe, colocar pra fora toda a indignação, toda alegria, todo desejo (...). No entanto, paradoxicamente ou não, resolvi contrariar o tópico frasal dos parágrafos que seguem:

Ainda bem que são folhas, pior seria se fossem estilhaços de bomba. Para que servem as faixas, se não as utilizamos? Os jardins têm vida e morte – e toda árvore oferece sua sombra a quem precisa. Para que servem as gravatas nas gaivotas? Olhai os lixos nos campos, nos cantos; ninguém liga ninguém sabe, ninguém viu – noventa por cento o quer longe e, outros dez, convivem. Vidas que custam caro. Bitucas de cigarro descartadas nas ruas são o mau hálito das cidades e, em sua companhia: sacolas plásticas. Cabruuum!, garrafas peti e de vidro hão se juntar – abram alas; lá vem um sofá desamparado.

O perfume também é uma forma de mensagem! Deixe-nos amar sem que recebamos necessariamente o amor desejado – é como um organismo que cria anticorpos. É tão bom falar de amor sem apelar para o desespero. Elas dizem que é lindo, enquanto eles, dizem ser legal; eles estão prontos, enquanto elas ainda estão na dúvida. Sim, a vida cria conflitos de interesse – é como empresa e mercado. E por falar em mercado, o cliente não é mais o rei, ele evoluiu, passou a ser o centro do universo. Pasmem!...ainda existem corporações com muralhas internas - ainda existe o desejo de ser apenas “chefe encapotado”, nada mais, e assim, dispor de autoridade estatutária.

Não basta transmitir conhecimento, se nem todos sabem tudo – é necessário formar capacidade intelectual e pensamento crítico - Nasceu pobre, ainda é pobre, e assim vai ficar?... Nem direita, nem esquerda; nem liberal, nem radical..., se depois do poder os outros continuam como os outros... Agronegócio ou agricultura familiar?
A mídia, às vezes achata a realidade, mas, sem ela, não conheceríamos os fatos, os verdadeiros fatos. Por onde andam os burgueses? Aqui, só ficaram os mascarados burgueses (...)

Tensões e acomodações andam de mãos dadas. Há coisas que se perdem pelo caminho - deixadas são anuladas; resgatá-las tem seu risco. O ímpeto é um artefato da vida? Envelhecer com saúde tem a ver com as decisões que tomamos na vida! Que tal dormir entre sete e nove horas por dia? Não é só saber ler, mas ter a pratica efetiva – ler para dialogar com a imaginação, com o mundo - estimular as células, para que essas substituam a função daquelas moribundas. Nunca é tarde para voltar à escola, tão tarde ainda, para se alimentar, e nunca será tarde para exercitar o corpo, pois, o tempo, é nada mais, do que um velho impostor.

Vindos cabelos

O duro é aguentar
dormir com ela
Aquele perfume
vindos cabelos
tenros cabelos
Da simplicidade e beleza
É duro dividir o espaço
com aquele corpo
banhado ao cetim
O sangue nervoso nas veias
Pés delicados
roçando aos meus
É duro saber
que terão outras noites
noites inteiras
noites em claro
Um apetitoso hálito
vindo da boca
uma boca que invade
Lençóis e travesseiros testemunham
o quanto é duro
dormir com ela
Aquele perfume
vindos cabelos
Como pluma pena
deita-se ao meu lado
Eu...
Eu tenho paciência
Quem não teria?
Quem não queria?
Em sã consciência
Quem não deveria?
abrigá-la nos braços
O mais duro ainda
é que o sono não vem
E aquele perfume
Vindos Cabelos...