Livro "Do Quotidiano" por Sandro Oliveira

























































SANDRO OLIVEIRA




DO
QUOTIDIANO






















Revisão:
Capa: Matheus G.M. Oliveira
Diagramação:
Impressão:



































Para meu pai, que pouco conheci
Para meu filho, que muito me conhece
Para Mônica...




















SUMÁRIO

Recado 09
Sugiro sete linhas 09
Careço 10
Um estranho 11
Por ser o mesmo 12
Terra dos pássaros 13
É natural 14
Pingo d’água 15
Bel-Prazer 16
Imaginar 17
Bem estar 18
Anáfora ( Sou eu) 19 e 20
Inconsciente 21
Longínquo 22
Curso da vida 23 e 24
Tempo de frutas 25
Ainda não 26
Não ainda 26
Segunda 27 e 28
Sexta 29
O culto de amar 30
Num segundo 31
Pouco 32
Desencontro 33
Sofrear-se 34

Tu és 35
Lua 36
Corpo e céu 37
Rotação 38
Sentidos 39
Desamores 40
Donzela 41
Uma visita 42
Sobre Saltos 43
Parabéns 44
Numa janela qualquer 45
Jabuticabas 46
Passar a vida 47
A descoberta 48
Reflexo 49
Da loucura 50
Epigrama 51
Tempo 52 e 53
Duelo 54
Elevador 55
A arte da espera 56 e 57
Locuções de uma vida 58
Rua Nua 59
“P” de Corrupção 60
O embarque 61

Força do trabalho 62
Lotação 63
Transito 64
Afortunado 65
Ditador 66
Evoluir 67
Carapuça 68 a 70
Mundo capital 71
Sorte 72
Mendicidade 73 e 74
Saída 75 e 76
Licença poética 77






















RECADO

Minha poesia é para o pouco,
para os muitos
para muito pouco (...)
Para os loucos – quem sabe?
Para pouquíssima rima
Para os que me elogiam
É também para quem não pode ler ou,
não aprendera ainda
Para quem sabe ouvir
Quem sabe cantar as coisas da vida,
ainda que não tenha ritmo
Para quem quer ser feliz,
mesmo que seja por um instante
Para o bom humor
E é para quem não fere suas origens,
sem se ausentar do presente.



SUGIRO SETE LINHAS

Os problemas sempre vão existir...
O sofrimento pode ser uma escolha...
A lagrima uma conseqüência...
A felicidade será sempre uma procura...
O sorriso um remédio...
A amizade, um braço forte...
E o amor um equilíbrio...





CAREÇO


Preciso de pouco dinheiro
de uma boa leitura
de uma casa arejada
de um tanto de saudade
sem exagero
Preciso descarregar minhas idéias
exercitar meu cérebro
relaxar meus músculos
massagear meu coração
ouvir uma boa canção
É preciso deixar de ser tolo
mas não levar muito a sério
Preciso de caminhos válidos
ativos e circulares
Preciso ignorar
as conversas nefandas
dos arbitristas piedosos:
que são como o fogo (...)
Preciso me evadir;
dos surtos...
das confusões
e deixar de ser potentado
Preciso aproveitar o ócio
Eu não preciso de um beijo ofídico
Preciso pelo menos
de um ruído de felicidade







UM ESTRANHO



Lembro-me quando estava só
Os cômodos pareciam imenso
Era eu pequeno no sofá da sala
É estranha a solidão.

Pôr algum momento eu vi o sol
Já era o ultimo que se pôs
Esperei um abraço da lua...
Mesmo que invisível; um afeto.

Não era ao certo angustia
Senti-me como um braseiro...
Algo queimava pôr dentro
Tive medo de abrir a porta...

Quando refletia minha face
Vi que tudo estava normal
Não era necessário aquele bixeiro (...)
É estranha a solidão!












POR SER
O MESMO...


Por horas eu pensei.
Por muitas vezes eu relutei
Por muitos dias permaneci calado
Por minhas duvidas e, com elas, eu aprendi a viver.
Por sinal dos homens, retifiquei as possíveis falhas
Por pensar que estava louco
Por deixar que pensassem por mim
Por caminhos sinuosos cavalguei, mesmo que meu cavalo fosse imaginário
Por faltar uma escolha.
Por falta de ação
Por eximir minhas conquistas
Por deixar de sorrir.
Por deixar de chorar
Por mais exíguo que fora minhas virtudes.
Por não acreditar em meus sonhos
Por achar que não havia uma saída
Por ser tão onipresente
Por estar confundido
Por brincar com as palavras
Por amar o perdido...





TERRA DOS PÁSSAROS



Admiro olhar os pássaros
São aqueles que ainda voam.
Sou claro perante o que desconheço.
Quando observo a esses inquilinos do verde
Que um dia libertaram-se e voaram
Então...
Percebi que lentamente os entendo.
São eles que se aproximam do céu
São eles que encantam as manhãs
É simplesmente dos pássaros a autoria
Que trás a paz em uma composição da vida.

















É NATURAL



No ranger dos galhos das árvores, incentivados pelo vento que na madrugada sopra;

A fina chuva, espalhando-se sobre o solo fértil, ao quais pequenos brotos que surgem;

Todas aquelas flores, que na tranqüila espera, abrem-se, enriquecendo a paisagem;

Único e zombeteiro - é aquele beija-flor, que ao sair de seu aconchegante ninho, sem ao menos esperar que a chuva pare, surpreende as mais belas pétalas;

Raridade e beleza dos rios que ainda correm límpidos, abrigando a timidez dos peixes, e ao prosseguir, inocente fúria de uma cachoeira;

Agitados, e cobertos de curiosidade, os pequenos animais, saem de suas tocas, dividindo-se em suas espécies o desfrutar de um novo dia;

Lamentável:
é não poder sentir (...)
é não poder observar (...)
é não providenciar defesa (...)
é poder imaginar, ter pertencido a uma raça, em que um dia não cultivou, submetendo a si próprio, ignorando a Terra que recebeu (...)
É d’outra esfera momento de compreensão.







PINGO D’AGUA


Sou um recurso estratégico
Mantenho a vida no planeta
Sou a seiva
Suporto ciclos naturais
Do passado
Do presente
Do futuro
Sou medido
Sou esperado em latões
Povôo as proles -
a sua sustentabilidade
Minhas calotas (polares)
não são infinitas
Chamam-me de hidrossocial
Vim das bacias
Posso vir a ser
um catalisador
da cooperação
da compreensão
... salubérrimo
Em mim despejam:
a inconsistência;
o desafeto;
todo dejeto da vida;
envenenam meu corpo(...)
E ainda carecem de mim.
O que diriam
Sulis,
Rio Ganges,
Sarasvati e
Peneus.
Oh! Meu Deus...




A BEL – PRAZER


Sobre um rio
que corre fértil,
Ondulando seus braços.
Nascente brio
suas águas límpidas...
Imenso cristal.
Folhas que se soltam
planam
sobre o vento.
Fonte de vida
em carne
em vegetal
E, ao seguir,
inocente fúria
a despencar
em forma sutil:
uma cachoeira.
Há quem permita
em suas margens
Quem me dera
um presente assim...










IMAGINAR


Há quem diga que de passagem
ouviu o silêncio chorar.
O silêncio que era apenas seu.
Pode ser que isso logo passe ou,
até mesmo se magnifique.
Até então nesse momento,
mora a razão.
O sonho que desta forma
cúmplice tornou...
O descanso dos olhos se repete,
no afago do corpo que necessita.
Difícil, é não poder imaginar,
é não deixar que realize.



















BEM – ESTAR


Queria ser um poeta
ser uma obra
quem sabe uma música
uma escultura
uma tela;
que mesmo imóvel
preso numa inépcia
traga a placidez momentânea
Queria não ser culpado
não ser agressor do tempo
Agora...
pelo presente
passo a querer
trago do passado
apenas o tirocínio;
das obras
e suas mensagens
do que vi passar
daqueles que me guiaram
Há de querer
o futuro desvendar...
Imperioso?
Afirmação?
Ambiquidade?
Vale-me o que desejo
com a seiva do corpo
com os olhos que sabem sorrir
longe do isolamento
E perto o bastante da vontade







ANÁFORA (Sou eu)


Sou eu,
quem às vezes
não acredita no mundo
Sou eu,
quem descarrega
as lagrimas como um rio viril
Muitas vezes
quisera afastar
meus amigos de mim (...)
Mas, logo, percebi
que a amizade
sobrevoa a imensidão –
em qualquer lugar...
Sou eu,
quem não compreende
a euforia da maldade
no momento
em que ela passa pelos homens
Sou eu,
aquele que não entende
as razões pela qual
pagamos caro na vida
Sou eu,
quem por ora desiste do embate,
quando não deveria...
Sou eu,
um ser humano,
visto como preza fácil
diante da arrogância de outrem
Mas, pode esse mesmo eu:
ser herói!
E mesmo que seja
frente ao espelho
Sou eu,
apenas eu,
quem deve aceitar...
Eu posso ser o recomeço
Eu posso ser a labuta do dia-a-dia
Eu, ainda posso
voltar a acreditar no mundo.





























INCONSCIENTE


Ontem tive um sonho
Inexprimível momento
Foi então que resolvi,
Não abra a porta, por favor!
Quero outra vez este sonho
Vagando apenas o meu corpo.
Atravessarei as nuvens,
Alcançarei o céu
Percorrerei todo o meu cérebro.
Não abra a porta,
apenas escute...
Não diga nada,
ainda...
Pois,
será em vão!
Não pense que sou louco.
Nem ao menos pense...



















LONGÍNQUO


Para onde,
lá de longe,
de onde vem?
As léguas de um caminho
A certeza em distância
Chegar mais perto,
tão perto...
Vagar o mundo
e não descuidar
Para onde,
lá de longe,
de onde vem?
As ondas do mar,
a praia que espera
A coerência e o saudosismo
O planeta que conheço
Para onde vai...














CURSO DA VIDA


É o curso natural da vida
Ter medo, ainda que não convenha
Tudo está cinza lá em cima
O vento não mais refresca - esfria!
Passo meus olhos, e não vejo...
Passa minha vida e não sinto...
Continuo não vendo as cores...
Posso encarar como um estalo da mente
Talvez seja escasso minha compreensão
Num cubículo arcaico
Há uma varanda sem fundo
Apóio-me nas escadas
Não veja beleza
Nem artifícios da cidade
Desde a primeira nuvem
Ainda debruço-me no horizonte
O ruído me assombra
As vozes são como um vento
Ainda era uma tarde
Tão repentina e tão distante
Não tenho medo da chuva...!
Vejo uma luz lá de dentro
Os vultos que lá fora passam...
Parecem que me transtornam
Por um instante sou só nesse lugar
As coisas finas que conheço
Não vieram comigo
Ouço um ruído no vidro
Meus sentidos ocultam e
Bruscamente interrompido
Pelo destino que tracei
Sem ao menos a bátega parar
As escadas parecem não mais acabar
Posso dizer novamente:
É o curso da vida!






























TEMPO DE FRUTAS


Tomara que ainda haja tempo
Tempo suficiente de ser dialético
Espero que as frutas - frescas estejam...
Elas estejam ainda nos pés,
nos cantos das bancas,
nos contos...
Tomara que as grandes obras não faleçam
Se vires alguém - dê uma dessas frutas
E, não espere o gosto da gratidão
Se vierdes com amargura
Não se vire com a mesma ação
Tomara que ainda haja tempo
Tempo suficiente para escolher a vida
Como se fosse uma fruta fresca
Ainda esquecida, no canto de uma banca



















AINDA NÃO


Não devo imaginar...
Não posso sonhar...
Não conheço esse lugar...
Não me faça entrar nessa hora...
Não apresento minha ingratidão, agora...
Não quero saber onde mora...
Não procuro calma...
Não sou eu, ainda que seja minh’alma...
Não se atreva a levantar sua palma...


NÃO AINDA


Não há razão para culpar...
Não há motivo que justifique...
Não há alguém para responsabilizar...
Não há justiça nessa hora...
Não há insuficiência de sonhos...
Não há religião que acompanhe...
Não há dinheiro no mundo que livre...
Não há uma só pessoa que interfira...












SEGUNDA


É a ressaca do domingo
Os rostos são sérios
Com um “bom dia” meio amargo
É o desespero da semana
Parece ser dia de mudança
Ler os jornais,
ligar o rádio,
esperar das noticias (...)
Uns arrependidos
Outros com saudade
É dia de agradecer,
pelo amparo
De organizar–se
De emagrecer,
caminhar...
Olhar pra agenda,
ainda esquecida
É dia de desculpar-se,
de esperar o perdão
Segunda: é dia de tomar uma decisão
É dia de cuidar do coração
De almoço apressado,
De comer pouco
Dia de beber água, muita água...
É dia de chorar por um amor perdido
É também na segunda,
que os amores renascem
Os carros, recusam-se a funcionar
Os pássaros fazem festa – isso mesmo, na segunda!
É o dia mais que da preguiça
Segunda: é a junção de tudo que é lento,
pouco atento,
desalento,
desatino...
É dia de planejar aquela viagem visionária
Da roupa passada,
da roupa amassada
É dia de tomar vitamina,
de tomar anti-acido
De voltar ao antibiótico
De comerciar,
De pagar as contas
É dia de puxar os cabelos
Pensar na vida,
a caminho de casa
Segunda: é mais um dia na semana
É dia de conferir o despertador
E, é na segunda, que todos se importam.



























SEXTA


É estar longe da ressaca
Os rostos são alegres
Tiram-se as mascaras
Tem bom dia a toda hora
É dia de arriscar-se
Esquecer das noticias
É dia de procurar uma festa
De não se arrepender
Esquecer das contas
É dia de providenciar
Balançar o corpo
Sexta: é dia de cantar
Agradecer o superado
Olhar para os relógios
Acompanhar os ponteiros
Ainda é tempo de desculpar-se
As decisões podem esperar
Sexta: é o inicio de tudo
É dia de pausar o antibiótico
É dia de conquistar um coração
Dia de planejar a reconquista
Sexta: é dia de aproximar-se da loucura
Dia de procurar o livro de receitas
Planejar o jantar de sábado
Não se importar com o almoço de domingo
Na sexta, o domingo não é convidado
É a chance de um adeus momentâneo aos vilões
Sexta: é o esperado da semana
É dia de perder o despertador
E, é na sexta, que pouco importa...






O CULTO DE AMAR



O culto das vozes
Toda à noite aclamo!
Não somente para dizer que amo
Mas, com ânsia de outras vezes...

Onde há o vento que respira
Há uma palidez no beijo!
No pequeno espaço em que vejo
Profere-se aos homens a ira.

O culto de um olhar
Toda à noite observo!
Não sou mais um servo...
Já aprendi a amar.

















NUM SEGUNDO


Quando adormecer sua mente...

Entrar-me-ei o mais fundo possível...

Sei que então, tornar-me-ei irreverente...

É d´outra esfera, momento irresistível...























POUCO


É tão pouco (...)
É pôr pouco (...)
É muito pouco, às vezes (...)
Tão pouco é (...)
O pouco que convém (...)
As palavras são “muitas”, mas,
Tão pouco seu valor (...)























DESENCONTRO


Algazarras e fanfarras se encontram.
Tributos à ousadia se contemplam.
Dimensões de um futuro se enfrentam.
Afinidade fatal de um corpo insano...
A espera de um testamento qualquer
Deixaram rastros num passado profano.
Os olhos ardentes que paravam.
A face destrutiva que apontava.
No presente momento... que pairava.
Algazarras e fanfarras se separam.
A ousadia perdeu-se ao meio das dimensões.
Um livro que contava razões e aparições
Suas páginas,
agora molhadas,
não decifraram essa apologia.





















SOFREAR-SE


Sofro quando meus pensamentos,
viajam o mundo.
Os músculos de meu peito reagem,
comprimem,
mesmo que por um segundo,
o meu coração.
Sofro quando os cômodos aumentam...
As paredes se afastam de meus olhos.
Procuro alcançar então...
Tudo dura tão pouco.
Pensamentos que passam
Como cometas sobre o céu
As horas me alcançam
Não me é estranho
esse momento...

















TÚ ÉS


Como pode ser assim?
Assim como?
Assim... sei lá!
Assim: branca nuvem...
Assim: azul céu...
Com olhos de mel...
Não é seu dolo
Você veio assim...
Assim floriu...
Quando nasceu,
a chuva sorriu
É sempre assim,
uma bela tortura,
minha predileta inocência...
Falar a respeito disso...
Como podem outros?
Não serem...
assim – como tu és!
















LUA


Luz em quartos, donzela de ronda
e economia de lanternas e candeeiros
Cúmplice dos amores e desamores

Entusiasta poética em momento de procura
Esfera de fases místicas
Acompanhante de fábulas, mitologias, ficções e enredos

Seus passos por ora decifrados
Com sua cara em rodelas
Estrela em má moeda, que seja...

Ó! Brilhante em meu céu

Escorre-me em véu, ainda que tardia...




















CORPO E CÉU


As asas são como o vento
Há uma auréola que me acompanha
As dores são de um corpo lento
Aos amores diferentes, tão qual paixão tamanha

Busco por um firmamento que não se conhece
A luz do sol se dividiu
Um beijo longínquo me seguiu
Como um anjo despido aparece

Num corpo espirituoso e devasso
Como uma só palavra que faz a canção
E, quando aproxima-se meu cansaço
Sinto que as horas, agora, passarão.

















ROTAÇÃO


Um dia só
é tão pouco
pra confortar
Ainda não sei ao certo
por aonde irei.
Andei pôr várias ruas
que encontrei
Durante a noite
olhei as estrelas
Por um minuto
habitei a lua,
ainda que tardia...
Quando vi que o sol
já nascia,
descobri que ainda
estava longe
muito longe...
O que me resta,
a não ser esperar...
Ah! A espera
Incógnita
para um incomum momento.
Não me gabo por isso
Também não me culpo
Que a culpa
talvez não exista...
O que sei, por enquanto:
é esperar o giro do mundo.







SENTIDOS


A despedida esta com a saudade
A saudade vem da ausência
A ausência que tem dois caminhos:
O escolhido e o do destino
Ambos se cruzam
Num momento inesperado
Quando toca em nossa porta,
é um momento estranho
Há quem procure na nostalgia,
na aflição, na revolta,
na colisão com o tempo
E, enquanto uns acordam
fazendo amor
Aliciados pelo toque da pele
que o amanhecer proporciona
Outros - falecem (...)
E seus corpos se desligam
Não mais necessitando do desejo















DESAMORES


Amores que se vão
Outros amores ainda estão
com dores e “Dolores”
Por onde andam meus amores...?
Os que violaram meu coração
são amores que se foram
Dos cantos que repousaram
Conhecei-lo-ão meus amores
Voltam, os mesmos que se foram
Os amores ainda em vão
Partiram, por ocasião, mais uma vez
meus amores e temores
Em minhas mãos conhecerão
E, eu, escolherei meus amores,
não mais que amores
Então, em arrebatamento,
deixarei meus amores
No desejo de tudo ver e saber
outros amores virão,
em busca de meu coração...













DONZELA


Dar-me-ei o prazer
de oferecer-lhe meu lugar
mesmo que ofegante eu esteja
Todos correm riscos
de apaixonar-se novamente
De olhar penetrante;
confundindo o perigo
Doce caminhar
Olho-te quando vai passar
Espero que volte,
só por uma vez
A beleza é uma responsabilidade
É o que minha donzela não sabe
Não procuro volúpia,
pelo menos agora...
Ela vem em coação
Volto a ser criança
Não a quero fútil;
Não a quero de sorriso combinado;
Não a quero em “photo shop”
Que busco?
Que desejo?
Minha donzela vem vestida
Mas sem a flor nos cabelos
Posso não ter um castelo
Só beijarei sua face,
em temor ao passado...
Quando acordar,
não correrá mais perigo:
Minha donzela!






UMA VISITA


...quero entrar em seu quarto
como um vulto quente
Virei com a brisa
que pela janela passa,
Sendo acariciado por sua cortina
Dar-me-ei o privilégio,
de que por um segundo
possa observar-te enquanto dorme.
E nesse tempo
sem que minhas mãos se movimentem:
o lençol cairá lentamente,
tornando o momento inefável
Vou navegar em seu corpo,
aproveitando cada onda
até onde verei a calmaria do mar
Salivarei seus pés como se fosse um louco
Por hora, antes que o dia volte,
sairei pela mesma janela
Levando o gosto de suas águas
Até que a brisa me traga novamente...












SOBRE OS SALTOS


Sobre saltos estas
Ando cabisbaixo;
não porque entedio-me
Observo e entendo
o quão prazer pode dar:
Alivia a dor;
massageia o coração;
endurece meus nervos;
enche-me de saliva;
molha-te.
Volúpia ardente...
Meus olhos veem apenas os saltos
O resto é corpo
sendo esculpido pelo paraíso
Devo tocar,
devo acariciar
beijar... beijar
penetrar-me então
entre as eloqüentes pernas
que sobre os saltos estão...














PARABÉNS


por ainda fazer parte desse mundo louco
pelo ano que passou
por estar pronto para o próximo ano
pelos sorrisos
pelas lagrimas
pelos amigos
pelo perdão
por caminhar na areia
por esperar o mar
pelo silêncio
pelas velas no jantar
pela companhia escolhida
por estar presente
por aplaudir e por ser aplaudido
pela busca
por acontecer
pela fé
Parabéns pra mim
Parabéns pra você













NUMA JANELA QUALQUER
(Para minha avó)

Sua única ambição:
é poder olhar para o horizonte
Olhar as pessoas que apressadas passam
pelas estreitas calçadas
Igualmente, olhar os carros
que perfilam na também estreita rua.
Talvez,
seja sua maneira de sentir,
de manifestar-se,
de sonhar
Ainda que debruçada numa janela;
desmantelada...
É como criar seu próprio lugar
Refazer sua história – seu poema de vida,
e mesmo que restem poucas linhas,
poucas laudas (...)
Com seus passos lentos
apoiando-se numa velha cadeira
Faz de seu dia uma rotina dulcificada
E tendo o sol como companheiro,
o qual segue seus passos
por quase todo o dia.
Eis que surge uma nuvem no céu;
é quando seu companheiro se despede ¬¬
Fecha então, sua janela
e sem desdizer-se da despedida,
aguarda ansiosa olhando para janela,
até que seu companheiro retorne...
E, eu, previsível...
por muitas vezes de orgulho desnecessário;
sinto-me o mais perdido ser abaixo da linha do equador.
Agora, volto pálido pra casa,
à procura de uma palavra
que me torne ao menos resgatado
com a providencia divina...


JABUTICABAS
(Para meu avô)

Numa fresta entre as árvores,
via um pedaço do céu
Ainda era dia – final da manhã de domingo
Reconheço aquele momento
Sentia-me pequeno, como jabuticaba
Precisava de uma razão para ancorar
O almoço ainda não fora planejado
As árvores, hoje, já não existem
Pelo menos - no que é palpável
Vejo-te ainda de cabelos grisalhos
Observei-te ali parado:
esperançoso, de olhar gentil;
Acalentando o desejo do meio-dia
Em minha memória, ainda intacta,
sinto o gosto das jabuticabas
Lembro-me que era inicio de primavera
Final de setembro
Os galhos negros até o tronco
O casarão: como inicio de um cenário,
que em seu quintal
via um paraíso...
As árvores ocupavam-se
E, essa cena se repete
Meus olhos monitoram todo tempo
É, no entanto - umas das regras,
muda e sem tregua
Fico com a ausência (...)
Espero encontra-lo ainda,
junto delas: as arvores.
Todas carregadas com os mais doces frutos




PASSAR A VIDA


Andar de lado
Andar de frente
D’ outro lado
Andar de ré
Passar o salto
Compassar
Ultrapassar.
Desgastar
Descansar
Voltar a andar
Andar na linha
Mal acompanhado
Andar por aí
Estar com pressa
Andar atento
Distraído...
Andar sozinho
De mãos dadas
Passadas longas
Apenas um passo
Andar bastante
Andar contente
Andar triste
Andar com grana
A procura dela
Andar atrás
Sempre na frente
Andar descalço
Andar calçado
Pelas ruas
De contra os carros
Sempre a pé
Andar, andar...
Até quem sabe
Não mais agüentar.


A DESCOBERTA


A ecleticidade do som e ouvidos.
A absorvência de um sentimento oculto.
A indústria de focos, fatos e visões...
A permanência da vida, mesmo que não vivida.
A forma de uma decepção.
A intenção da escolha.
A adrenalina do sangue que corre.
A legitimidade de um DNA.
A continuidade do poder,
A pouquíssima luz da madrugada.
A do sol, que inibe a escuridão.
A energia que emana, no momento do pensar.
A ultra felicidade...
A distância consolada pela lembrança.
A determinação de cada segundo.
A alma que nasce, até que se apague...














REFLEXO


Já deu a hora...
Não é agora ...
O que merece...
A sua prece...
É confiante...
É interessante...
Não há convívio...
É seu alivio...
Passou o tempo...
Fica atento...
Não reprima...
Alguém, o subestima...
Estou tentando...
Quase entrando...
Na madrugada...
Que vem assombrada...
E’s pensabundo...
Dono do mundo.

















DA LOUCURA


Loucura momentânea
Enraivecido
Ao ponto de escalar
as rochas de um vulcão
O coração pulsando
pelas correntes da cólera
Os olhos saltando
Os dentes serrados
O colarinho apertado
um tanto obscurantista
Num momento de desventura:
queria tomar um porre-mãe
Não é possível adular
Não é possível corrigir
Só é necessário doidice
Sandice...
Num segundo de descontrole
O pecado vem aflorar
Pediram pra meditar
Pros quintos com isso (...)
Com os punhos serrados
que venha a loucura
A calmaria afoga-se
Esta levando o lógico
Tragam-na para as margens
Apertem seu peito...
soprem sua boca
Façam-na renascer
Diante da loucura







EPIGRAMA


Era uma esfera
Era inicio de primavera
O inverno ainda se despedia
Com o vento que soprava
As auroras se despiam
Era momento de encontro
As sombras das nuvens
que passavam
Os raios do sol
pareciam penetrar no solo
Metódica foi à criação
E a nos, o que restou...?
Exaurimos de certo modo.
O homem que diz
possuir muitos bens
Seu pai nem sequer foi avisado.
Ó, massa ignara que trás dolência



















TEMPO


É um movimento constante e continuo.
Não da para fazer estoque
e nem tanto temporiza-lo.
Não da para emprestar.
Vinte quatro horas
tem validade.
Muitas vezes ele é profano e,
não temporário.
Mais que secular.
Parece um velho impostor.
Primeiro sente com os olhos.
Depois passarão corpos, passarão os momentos
e então as alegorias.
Serão pessoas que se atrasam
Em uma via distante
e num horizonte fixo
haverá uma explosão
Chegarão com alegria.
Não é como o vento
que retorna...
É como uma canção
sempre desejada.
Um vício da humanidade.
Uma sombra ao seu lado.
É por ora recompensa
e depois sacrifício
É objeto empírico
e contador de lembranças.
É um perfulgente matemático
e conhecedor das línguas
Ameniza as dores
que não parecem cicatrizes
Fazei-lo-ão prisioneiro ou,
quão possa imaginar
refém da eternidade
Ó! Tempo que às vezes feral
Outras em sabedoria real
Não há como cessa-lo...
Por um instante apenas acalma-lo.




































DUELO


Quem é a guerra?
O que fará a guerra?
Donde virá outra guerra?
Por onde andas com guerra?
Pelo amor de minha pátria:
sou guerra...
Pela jactância e soberba de outrem:
pedi a guerra...
Com medo das armas
e ao tentar justificar a paz,
preparei a guerra...
Por um momento auspício,
declarei a guerra...
Pra não ser anacrônico,
escolhi a guerra
Por não ser ditoso
e endurecidamente misantropo,
contribui com a guerra
Ou se corrompe...
ou se omite...
ou vai pra guerra
Outrossim,
por um dia prostrado,
sem despertar a razão;
trouxe-a pra meu coração
De quem é a guerra?
O que me fará ?
(...)









ELEVADOR


Há estranhos numa caixa de aço
Os andares são vencidos
Uns sobem...
Outros descem...
Uns descem...
Outros sobem...
É como reflexo da vida
Raridade, é um cumprimento afável
Todos os olhares são para os digitais
Desconfiados,
inseguros,
apreensivos,
desinteressados,
despreocupados,
apressados,
curiosos...
Um adeus (...)
E lá de dentro,
tudo é silencio
São rostos e nucas,
que entram e saem
puxados pelo cabo
da caixa de aço.













A ARTE DA ESPERA


Meche nos cabelos
Separa as pontas duplas
Tira a presilha
Põe a presilha
Amarra os cabelos
Solta-os...
Volta a separar as pontas
Olha para as unhas
Empurra as cutículas
Gira os anéis
Meche nos brincos
Volta aos anéis
Acha que precisa de mais um
ou, dois...
Novamente - as pontas
Desfaz de alguns fios
Balança os pés
Olha pra sandálias
Alonga o pescoço
Guarda a presilha
Pega um elástico
Prende os cabelos
Solta-os (pra variar...)
Brinca com o elástico
E, como se fosse à primeira vez:
Amarra os cabelos,
Esquiva-se dos olhares
Puxa a blusa
Estala os dedos
A qualquer custo:
mantêm-se na postura
Massageia a nuca
Meche nas pulseiras
Dobra as pernas
Olha para o relógio
Abre a bolsa
Vasculha todos os cantos
Naquele instante
poderia achar, quem sabe:
“um prazer de cacau”
Nada feito (...)
Contenta-se com um chiclete
Com o polegar
e o indicador
ao mesmo tempo:
desliza-os por sobre os lábios
De volta aos cabelos
Solta-os e escorre com os dedos
Une-os em forma de rabo
E volta a prendê-los
Retorna a bolsa
A procura de um espelho
Observa a maquiagem
de um lado,
de outro...
Certifica-se do batom
Ainda na bolsa
Depois de alguns zíperes
Pega o celular
checa as mensagens
Tenta uma ligação
Duas
Três...
Aí, vem um suspiro
Um silencio largo
fecha a bolsa
e volta aos cabelos...







LOCUÇÕES DE UMA VIDA


Aquele homem à-toa andava à toa o dia todo
a leste, não muito longe
a frente de tudo
a baixo da pirâmide
a pique
a cavalo
a toda prova
a fio, vivenciando o perigo
a nado, debaixo da chuva
a seu gosto, com poucas roupas
a sangue-frio, com suas vontades
a crédito: quase nada...
a prazo, eram seus passos
a cores
a óleo
a tinta, pintara sua história
à época de protestos
a vapor corria a madrugada
a sós com a cidade complicada
à feição de um monstro
a bordo de um devaneio
a ler os outdoors
a distancia da responsabilidade
a gosto da fome
à custa da própria saúde
a tira colo: uma garrafa
à medida de seus desejos
a postos, estavam os observantes
a ponto de atearem fogo em seu corpo
a par do espanto e apesar de tudo
a serio, não levara a vida
à zero hora do dia seguinte
a bala ele foi morto
(...)


RUA NUA


Há andantes em minha rua (...).

Em minha rua existem vestes sedosas.

Há procura de abrigo em minha rua (...).

Em minha rua existem castelos.

Há muita fome em minha rua (...).

Em minha rua existe a fartura.


Existem portas em minha rua.

São raríssimas que se abrem (...)

Há intolerância que se expande.

São várias mãos recusantes (...).

Há quem se espante num olhar.

Sem que um movimento aconteça...

Fecha sua janela, como das demais que se repetem em outras ruas (...).








“P” DE CORRUPÇÃO


A corrupção não esta apenas na Política.
Está na Polícia.
Na Praça.
Na Pharmácia.
No Posto de gasolina.
No Palco de futebol.
Nas Praias.
Nos Prédios superfaturados.
Nas Provas de vestibular.
Nos Programas de televisão.
Até nas Palavras de um líder religioso (...).
Dentro do Povo.
Nas Privatizações, hoje “privada”.
...Pobre País!




















O EMBARQUE


Do mesmo som que vem ruindo
De que adianta escutar
Se me atentar é preciso
Para que então visualize.
Quem sabe é esse o trem que levará
Levará consigo uma multidão.
Esses que nem ao menos os desembarques saberão
Sobre trilhos em decida, e montanhas a subir
Há vagões que descarrilam (...)



























FORÇA DO TRABALHO


Deus o acrescente
mesmo aos “vagamundos”
E traga as linhagens:
do viveres a bonança
Que também conceda
senso de ajustamento,
ao ser empreendedor
Que façam o obvio,
não só ao decurso
do processo econômico
ou, a sua compra e venda
mas, pela pujança...
É a satisfação dos famintos,
sua única ferramenta,
sua energia potencial
Que o firmamento acrescente
a todos que mereçam



















TRÂNSITO


Feito de veículos poluentes
de motocicletas frenéticas
de gente agastada
quase doente
De ruas e avenidas
com faixas brancas para adorno
e pavimento embaçante
Das urbes mal planejadas
com promessas relutantes
e verbas usurpadas (...)
... agora
Apresento-lhes um bilhete
colado a geladeira:
- Já saí de casa!
- Pretendo voltar no horário de sempre!
- Não surpreenda-se se eu mais cedo retornar...
- Pior seria se eu não voltasse (...)



















LOTAÇÃO


Condução que sacoleja
pelas ruas tortas
expulsando gases pelo ares
como gôndola sobre rodas na chuvada
e como camelo de ferro
no solo cáustico
São quilômetros percorridos
levando gente proletária
de corpos cansados
que se apertam...
amontoados...
Histórias contadas
até com cantigas
de sorrisos e gargalhadas
Lotação inventada
que traz os sonhos
através dos anos
Com a força evolutiva
amanhã, poderá até voar
mas por enquanto
ainda sacoleja (...)















AFORTUNADO


Não acumulei fortuna
Fortuna que apenas poupei
Poupei meus olhos da procura
Procura em vão que foi.
Foi também em vão o trabalho.
Trabalho que tive, em tentar lembrar.
Lembrar da concessão para essa hora.
Hora, minuto e segundo...
Segundo que me permite ignorar por momento
Momento que interrompo.
Interrompo nesse instante que convém.
Convém ainda me calar
Calar e tão cálido se encontrar.























DITADOR


Rufem os tambores...
Anunciamos a idiotice – a tolice
Antes fossem (...)
Mandá-lo-ia as trevas
em que pese aos inimigos
Perpetram a guerra num pretexto:
o inútil que preocupa
For-se-ia à estrada
Ataque ou defesa?
Nem um nem outro...
Aos poucos o reconheço
esperando os aflitos.
Os que não pediram tal aversão...
Como podem?






















EVOLUIR


Que compareça a “massa nobre”
rompendo galas para o embate
E, sequer, queríeis saberdes da vassalagem
Por outra forma;
trazidos com paradigmas perene
circunscritos em sua cultura errante e ignara...
Que tragam a providencia os de boa vontade
E, só assim reunir-se-ão todos um dia
a fim de cativar o entendimento entre nós



























CARAPUÇA


Sou a escória do mundo (...)
Pra dizer a verdade, sou a escória do universo
se outro mundo, igual ao meu existir
Não se revolte comigo, nessa hora
apenas junte-se a mim.
Agrado-te com minha malicia,
inveja-me agora
Minha descendência é forte,
meu nome se destaca numa coluna pasquim
Fui um dia criança;
fui verdadeiro,
fui amigo,
também fui confuso
Previno-lo, outrossim,
que por aí existem
escorias como eu:
daquelas ainda que pior mencionar;
com crenças irracionais,
tal qual como fora o vento nazista
Estou disfarçado na multidão,
ainda que misantropo
Com meus diplomas,
com minhas ações.
Eu sou o favorecimento,
eu sou a massa cefálica pensante;
sou líder nas palavras
Estou nos debates da vida,
estou até nas paginas de um livro
Eu sou um exemplo esculpido
pelas mãos da indiferença
da ganância
Estou nas organizações,
nas instituições,
nas fraternidades
nos grupos seletos
e secretos
dentro das salas amplas,
em volta das mesas.
Estou também nas “orações”,
nas canções, nas convenções e nas emoções.
Misturo-me as boas ações, e
estou provando de seu sangue
de seu suor...
Estou sempre na boca,
nas melhores bocas
Sou sempre convidado,
pois sou a melhor imagem.
Note também - que sou o sucesso,
mas posso ser o derradeiro.
Eu sou a esperança de alguém.
Sou a tranqüilidade
daqueles prostrados
Sou educado,
fui educado
Não me revoltei com a vida, ainda...
Sou empreendedor desatino,
Sou a razão – também tenho um coração
que bate acelerado
ao ver minhas conquistas
E, ainda, que valha-se com soberba;
é a vida, é a regra que me convêm,
favorece-me,
e me faz recobrar.
Sou um artista,
não nato
Fui inventado
pela omissão dos bons
E, de alguma forma
sou o pouco que merece,
perante aos bilhões que gladiam-se.
De-me sua confiança
Sem atemorizar-se
Pois sou a novidade
E amanhã serei sua realidade
Tenha certeza disso:
se você deixar,
garanto-lhe,
que serei perene
(...)






























MUNDO CAPITAL


O que podemos dizer
se a hora da fortuna
não lhe convém
Há sempre razão?
Os índices e suas teorias...
São dezenas deles,
cada qual com seu valor
No meu país “juros”
que juram estarem corretos
Há a ocasião que limpa,
varre e esvazia
os canais que ora
minha fortuna enche (...)
Diante de nossos olhos
os valores e cifras se ordenam
Pendem para um só lado.
E a nós o que restou ?
A não ser o silencio como saída e,
mesmo que esse ainda sirva de refugio,
pois os pensamentos nos perseguem.













SORTE


Onde esta a sua?
Dita estrela do acaso
Ao passar em torno da esfera
Com seus raios desígnio
Há mãos que lhe esperam
Sonhos que te aspiram
Quase sinônimo de destino
Por onde andas essa aprimorada?
Ela sabe que a cultuam
Fostes então pego
Numa segunda-feira bronca
Pelos braços da sorte:
- Onde esteve todo esse tempo?
- Eu?
- Estive observando-te,
Até seu merecimento ascender...!
















MENDICIDADE


Pelas ruas
calçadas
terrenos
viadutos
e esquinas...
Por de baixo de marquises,
toldos,
prédios esquecidos,
dentro de túneis,
na escuridão
de baixo de goteiras...
Com o uniforme
que o faz um “prisioneiro”
Procurando abrigo
no rastro do alimento (...)
Apesar de muitos
o coração é solitário
Vagando pelas noites,
desde os candeeiros
Coberto com a madrugada fria
É culpado?
Foi culpado?
Ou, não há culpa?
Assim - diluir o futuro...
compreender sua ausência
A felicidade se distancia
até que o sono venha
e os sonhos lhe darão uma chance
Chance: palavra insana para o momento
que lhe traz uma tristeza esparsa
Aos olhos de outrem;
espera-se nas ações
Aos olhos da cidade escarnecida;
espera-se um repouso
um remorso vão...
Até que o presente
seja a única verdade (indócil)































SAÍDA


Procuro saída
Fogo arde
Paixão tamanha
Lugar frio
Ódio sangrando
Futilidade caminha
Rosto pálido
Minha memória
Coração alheio
Tenho sorriso
Mantenho-me perdido
Volto amanhã
Por que tento?
Pareço pueril?
Serena harmonia
Entre ares
Flor perfumada
Somos símbolos
Do refúgio
Doce cantar
Lindo presente
Duas palavras
Dando forma
Queria depois
Não condenar
Apenas trazer
Tudo criado
Confusão superada
Gente criada
Bastante humilde
Partida contida
Sem sentido
Pra dominar
Tempo perdido?
Não acredito
Sorte prezada
Agora sei
Posso parar
Encontrei saída.






























LICENÇA POÉTICA

Vem pra cá tu também
Vem imigrar nos sentimentos
Aqui não há guerra
Apenas o embate
com o poder da expressividade
A intenção é aguilhoar sua intensão
Não há conceito:
Seja certo ou errado
Não há constrangimento legal
Vou falá pra toda gente
Que não devem partí
Esse é meu coloquial
Pode ser sua concordância (lógica)
E, só devo ressalvar:
aqui também infarta e enfarta (...)
Só depende de vós
Sem pressa,
mas sem pausa
Vem pra cá
Antes de exalar o último suspiro

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