domingo, 21 de novembro de 2010

Numa prosa qualquer

-E aí, estava onde?
-Por aí. Tava caminhando...
-Pensando na vida?
-Não... só caminhando.
-Mas... sem pensar em nada?
-Lógico... só caminhando
-Puxa... e aí caminhou muito?
-Bom... acho que o suficiente pra não pensar em nada (...)
-Como assim? O quanto é esse suficiente?
-Caminhando e não pensando, simples!
-Caramba... não entendo (...?)
-Não entende como?
-Deixa me ver: caminhando o suficiente e sem pensar em nada...
-Isso mesmo...! Então... mudando um pouco... e você, estava onde?
-Eu? Sabe que... Ei, que dia é hoje?
-Hoje... parece... que... é...é... domingo!
-Caramba!!! Domingo? Vamos voltar!
-Por que, só por ser domingo?
-Domingo, lembra? É dia de visita!!!
-É mesmo louco... que loucura !!...
-Viu só... o que dá não pensar (...)

Manual de sobrevivência para as primeiras horas no escritório

Levante da cama com os dois pés, não perca tempo com essa baboseira de pé direito – você estará atrasado mesmo. Tome apenas um copo com água, pois um café da manhã “ala hotel” vai te dar uma tremenda dor de barriga (questão de habito).

Já no portão da empresa, verifique se não ficou um resquício de ramela nos cantos dos olhos. Lembre-se de que isso não é só um problema de criança. Diga o máximo de bom dia que você puder, e não espere receber de volta dez por cento disso.

Não adianta passar em frente à sala do chefe com o intuito de ser notado – ele estará despachando – quem quer que seja.

Vá até a garrafa de café e aproveite para tomar umas três doses enquanto ainda esta cheia. Retorne à sua mesa, ligue o computador e digite seu usuário e senha. Aproveite esse momento em que o sistema é iniciado, dependendo do talento em que se encontra, dará tempo de você planejar o seu final de semana, fazer a ginástica laboral e, ainda, tirar um sarro do colega ao lado.

Já na primeira reunião, das muitas que terão ao longo do dia, seja solidário aos profissionais – nunca chegue no horário, pior ainda se for antecipadamente. E, no decorrer desse ajuntamento, quando chegar ao momento clímax, aquele preferido dos “puxasacus sem fronteiras”- em que o chefe capotado conta umas piadas ou, faz analogias (provavelmente, parte das orientações de algum guru da motivação): simule uma chamada do celular, argumentando ser um cliente ou, que se trata dum assunto de extrema importância para empresa, e você precisa atendê-la. Não conheço alguém que tenha tido que provar - pelo menos até agora, apesar das desconfianças – Assim, você ganhará uma chance do tempo, salvando ao menos uma parcela da sua manhã...

Pois bem! A partir deste parágrafo, a sua sobrevivência dependerá unicamente de você – daquilo que estará disposto. Somos onde estamos e, é muito improvável que estejamos em dois lugares ao mesmo tempo - a não ser que sejamos reinventados (...)