sexta-feira, 9 de julho de 2010

INSANO PEREGRINO (DO SERTÃO A BANDEIRA)

Dizem que se quiseres chegar a algum lugar sem que um movimento aconteça - é só fechar os olhos e deixar que o pensamento faça sua parte. Como um louco que já foi julgado. Como um insensato. Como um cavaleiro sem armadura. Com ou, sem a droga da razão. - Pois bem, lá vou eu:
A fácula eloqüente do sol aquecia nossos ombros. Poupem o líquido que entrevejo até nas pupilas dos olhos. Esse solo que caminhas não é o caminho do mar. Diante da trilha que seguíamos a cabralhada que cortava, tocada apenas por um menino afoito. A princípio carregávamos sonhos, a cada rastro que deixávamos o que era real e mais lúcido, destacava-se. Muitas vezes era preciso o desvio ágil de algumas carcaças predominantes da falta de chuvada. A poeira que morria na planície; o pouco verde, ainda que cactos fora; O pouco de água que à frente como miragem aquecida. Seriam muitas as palavras para decifrar, seria como falar de um lugar feral ou, tampouco seria sua feracidade. Não via tranqüilidade nos olhos daquelas pessoas que encontrava - mas, em seus sorrisos, demonstram vida. Aos poucos minha ansiedade arrolava em duvidas e curiosidade. Às vezes sentia-me culpado e, por outras, eu disseminava a culpa. Os reflexos se transformavam. Ora víamos o mar que engolia a areia; ora era a areia que se ocupava - assim então se alternavam...
Agora, já estou eu, frente a uma bandeira hasteada, em praça pública exaltando: - Quem sabe fosses vida seria como eu - misturando-se na multidão? Sua carteira não promete; seus esforços, quase sempre em vão; são sustento as próprias mãos; é seu guia a consciência. Filhos que o esperam, partem para um novo mundo, deitados em berço pinus, com futuro que talvez espelhe. Após refletir o pensar, em versos próprios com a bandeira dialogar: - Que tal subi-la ao mastro e o hino cantar: nas margens plácidas... e a liberdade pertencente ao sol de raios fúlgidos que brilhou... Bater continência em momento de desordem, guiar-se pela própria fé, esperando que pôr um milagre tudo aconteça - o que deveria ser de um modo correto e constituído. Então, respeitar uma nação de braços fortes que em teu seio. Oh! Liberdade... Liberdade! Com os bosques perdendo a vida, e os campos sem mais flores (...) Salvem idolatrada terra, onde esperança por ela cresce. Salvem. “Terra dum povo heróico sem recompensa”.

...alguns minutos se passaram e aqui estou eu, retomando a consciência. Acho que agora entendo. Quão só são os alienados, os insensatos, os temerários, donos da louquice...O que é ter razão? O que é poder contar com a compreensão? De que me adianta prosseguir agora? De fato..., ainda tenho muito tempo pra pensar.

Dizem que, se quiseres chegar a algum lugar...

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